terça-feira, 6 de maio de 2014

Vinte anos sem Mario Quintana

No dia 05 de maio de 1994, há exatos 20 anos, Mario Quintana - que também tinha um "de Miranda" no meio do nome - partiu e deixou este mundinho com ainda menos poesia. 
Gaúcho de Alegrete, começou sua carreira como jornalista. Depois, passou a publicar seus primeiros textos literários em jornais do Rio Grande do Sul e, como ainda criança aprendeu francês em casa, traduzia telegramas que chegavam à cidade.  

A atividade, no entanto, contrariava o pai, que era farmacêutico e queria um filho doutor, e por isso entenda-se médico, engenheiro ou advogado. 
Como não se há de negar as habilidades e dons, Quintana seguiu no caminho da escrita e se tornou um dos maiores poeta
s do século 20 e príncipe dos poetas brasileiros, segundo a Academia Nilopolitana de Letras. 
Abaixo, poeminhas de Quintana para lembrarmos dele com carinho.

AUTORRETRATO
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!


DA DISCRIÇÃO
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo de teu amigo
Possui amigos também...

HOJE É OUTRO DIA
Quando abro cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova

E O POETA FALAR NUM GATO (TODOS OS POEMAS SÃO DE AMOR)
Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade…
se falar numa esquina mal e mal iluminada…
numa antiga sacada… num jogo de dominó…
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade…
se falar na mão decepada no meio de uma escada
de caracol…
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá… Que importa?
Todos os poemas são de amor!