sexta-feira, 5 de setembro de 2014

"Só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram..."

Cecília Meireles é uma das minhas poetas preferidas. Leio e releio seus poemas e sempre me impressiono com a solidão, do desencontro e até o abandono contida neles. Por vezes, são acompanhados de dor; outras, são retratados com leveza e resignação. 

Sempre me identifiquei com eles, e alguns trago nesta seleção. 


"
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram."

Boa noite e bom final de semana a todos!


"Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.


Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera..."



“Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.”


“De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto,
meu peito é puro deserto.
Subo monte, desço monte.”


“Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.”


“Quem nasceu mesmo moreno, 
moreno de vocação
gosta de mar e sereno, 
de estrela e de violão.
Pode até gostar de alguém
Mas nunca deixa a solidão.”


“Tudo em ti era uma ausência que se demorava: 
uma despedida pronta a cumprir-se.”


“Não faças de ti um sonho a realizar. Vai. Sem caminho marcado. Tu és o de todos os caminhos.”






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