segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Trechos de "Menina Má"


Quando terminei de ler "Travessuras de Menina Má" uma dor insuportável tomou conta de mim... Andressa gritou... Outros choraram... Algumas pessoas não devem ter se abalado... Eu me abalei... porque ela é um ciclo fechado desses insuportáveis e temidos amores que te tiram tudo da alma, o mundo gira, você se transforma, mas quando está novamente diante dele - e isso vai acontecer sua vida toda - não consegue reagir de outra maneira senão se entregar...
A mim, isso parece muito dolorido porque, como diz Ricardito, "você vai e volta e eu continuo a te amar feito um bezerro..."

Separei uns trechos do livro, como faço sempre, para deixar um gostinho de quero ler também...



"Eu me apaixonei por Lily feito um bezerro, a forma mais romântica de se apaixonar - também se dizia queimar feito um tição - e naquele verão inesquecível me declarei três vezes a ela (...) Mas por que as chilenitas, que eram tão livres, não queriam ter namorado?"


"Eu era um imbecil reincidente por ainda estar apaixonado por uma doida, uma aventureira, uma mulherzinha sem escrúpulos com quem nenhum homem, e muito menos eu, poderia manter uma relação estável sem acabar sendo pisoteado.

Mas nos intervalos desses solilóquios masoquistas surgiam outros, de alegria e encantamento: estaria muito mudada? Ainda tinha aquele jeitinho atrevido que tanto me atraía, ou havia sido domesticada e anulada para viver no mundo estratificado dos cavaleiros ingleses?"

"Não nos víamos há quatro anos, e nem passou pela sua cabeça perguntar como eu estava, o que tinha feito todo esse tempo (...) Foi direto ao que lhe interessava, sem perder tempo com mais nada."


"Fiquei vazio e doente. Sentido tanta raiva, tanta desmoralização, tanto desprezo por mim mesmo que tomei - mais uma vez! - a decisão de apagar Mrs. Richardson da minha memória e, para dizer uma dessas breguices que a faziam rir, do meu coração."

"- Sua última ligação me magoou tanto que decidi não ver mais você, nem telefonar, nem procurar, nem pensar na sua existência nunca mais.
- Não está mais apaixonado por mim? - riu.
- Estou sim, pelo visto. Infelizmente. O que você me

contou me dói na alma. (...) Quero que continue me fazendo todas as maldades do mundo."

"Também desta vez, tive certeza de que nunca mais voltaria a saber dela. Como das anteriores, decidi

firmemente, aos 38 anos, que iria me apaixonar por alguém menos evasivo e complicado... Mas não foi isso o que ocorreu, porque na vida raramente as coisas acontecem como planejamos."

"Estava tão feliz que, ao passar pelo janelão de onde se avistava a cidade, pensei que se abrisse um dos vidros e me jogasse no vazio, flutuaria como uma pena sobre aquele interminável manto de luzes. (...) Então, num daqueles segundos ou minutos de suspensão milagrosa, quando sentia que o meu ser inteiro estava concentrado no pedaço de carne agradecido que a menina má lambia, vi Fukuda. 
(...) Ele não havia nos surpreendido, ele estava ali em cumplicidade com a menina má, desfrutando de um espetáculo preparado pelo dois. Eu tinha caído numa emboscada."





"Eu devia ser uma das poucas coisas estáveis na sua vida agitada, o idiota fiel e apaixonado, sempre lá (...) Ou, quem sabe, estava precisando de mim. Não era impossível. De repente tinha aparecido alguma brecha na sua vida que o coisinha à-toa podia preencher."

"-Desde que eu conheço você, não tem feito outra coisa além de me criar problemas. É o meu destino.
E não há nada o que fazer contra o destino."


"Apesar de carinhosa comigo em comparação com o tratamento glacial que me dera no passado, ela de fato conseguia me fazer viver sempre intranquilo, apreensivo com a idéia de que, um belo dia, da maneira mais inesperada, voltaria a aprontar e desapareceria sem se despedir. (...) Não podia entrar na minha cabeça que Lily, a chilenita, aceitasse ser o que era agora pelo resto da vida: uma parisiense de classe média, sem surpresas nem mistérios, imersa numa rotina rígida e sem aventuras."

"Bem no fundo eu sabia que nunca seria uma mulher normal. Nem queria que fosse, porque o que amava nela era também o indômito e imprevisível de sua personalidade."

"Senti um cansaço infinito. Tive a sensação de estar ouvindo um disco que repetia, cada vez mais deformada, a mesma frase musical. (...) Lamentei que ela não tivesse ido embora como das outras vezes, deixando um bilhete"



"Consegui não pensar demais nela nos dias e semanas seguintes e, sentindo-me como um saco de ossos, pele e músculos desprovido de alma, passava o dia todo procurando trabalho."

"- Você tem o péssimo costume de aparecer de repente, feito um pesadelo, nas horas menos esperadas. Mas eu não acho mais graça. Na verdade, não esperava rever você nunca mais. O que quer de mim?"
(...) - Talvez eu até possa fazer maldades com outros. Mas com você, não."


Depois de "Menina má", vou ouvir dezoito vezes seguidas "Golden Slumbers", dos Beatles, numa versão ao vivo do Paul... "Once there was a way to get back 
home..." 

E encerrar meu ciclo com Lily e Ricardito, mas só até que eles voltem a esbarrar em mim em um lugar qualquer e eu descubra que continuo apaixonada por eles feito um bezerro...


2 comentários:

  1. Esse foi um dos melhores livros que já li. Ainda continuo apaixonada pela história e vez ou outra, vou até a biblioteca da minha escola e leio algumas páginas. É uma história maravilhosa. Parabéns à Mário Vargas Llosa, ele é um perfeito escritor!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também costumo abrir o livro e ler os trechos marcados... É fantástico e tenho certeza que vou voltar a ler novamente!! Obrigada pela visita e pelo comentário!

      Excluir