domingo, 8 de novembro de 2015

Cia. Raça, o tango e uma explosão de sentimentos!



Ser jornalista e cobrir a editoria de cultura por mais de cinco anos me deram o privilégio de caminhar junto com as artes. Aqui, descobri a vida que salta do palco do teatro e da dança, manifestações com as quais havia dito pouco contato até chegar à faculdade. Venho de um lugar que até hoje carece desse tipo de conhecimento.

Por motivos pessoais, que me fizeram me recolher, e também pela baixa na agenda cultural da cidade, há meses estava sentindo falta de me envolver em histórias que não são minhas. E, 
ao ver uma reportagem sobre a vinda da Cia. Raça com "Tango sob dois olhares" para Araraquara soube que esse era o melhor momento para me sentar novamente à frente do palco do Sesi, um lugar pelo qual tenho tanto carinho e onde tive experiências pessoais intensas e íntimas nesses mais de 10 anos de Araraquara.

Ontem, me deparei novamente com um momento muito especial naquele palco. Provavelmente, uma das coisas mais lindas que vi nessa vida.

Não tenho palavras para dimensionar com justiça minhas impressões e a explosão de sentimentos que houve dentro de mim - e posso apostar que em toda a plateia, porque vi muita gente, homens e mulheres, saindo emocionados do teatro.

A paixão, a tristeza, a força dos tangos de Piazzolla, trilha e inspiração da coreografia de Roseli Rodrigues, se juntaram a construções poéticas - as mais belas com três bailarinos, homens, mulheres, homens e mulheres - de muita intensidade, histórias de amor, traição, busca, sedução, vingança, dor, tristeza, volúpia.

A sequência final nos faz pensar que há no mundo coisas bonitas e coisas magníficas, e que até então só tínhamos conhecidos as primeiras. Tinha vontade de gritar....

A apresentação foi aplaudida em cena aberta pelo menos três vezes. Minha vontade era abraçar cada um dos bailarinos (os quais, reforço palavras anteriores, invejo porque nenhum corpo pode ser mais belo, doce e leve que o deles, nem mais resistente... sempre tento mensurar o esforço que fazem no palco, mas me parece infinito) em retribuição à felicidade que sentia ao fim do espetáculo.



Como tenho o privilégio de morar perto do Sesi, vou e volto a pé, em meu caminhar pude rever aquelas cenas mentalmente, sorrindo sozinha pela rua, embevecida no branco e preto, em tanta beleza.

No caminho, meus pensamentos foram invadidos duas vezes. Um casal cantando "Evidências" em um karaokê, que me fizeram lembrar do meu querido Lu Andrey e seu "Nuvem de Lágrimas", em cartaz em São Paulo. E um maluco de moto que quase me atropelou, gritando é campeão. Nesse momento, fiquei ainda mais feliz por ter superado a reclusão e ido me energizar com a arte alheia, ao invés de ficar entre lamentos e futebol ruim em casa.

Hoje, minha oração do dia foi dedicada a esse espetáculo de amor e a todas as pessoas envolvidas com ele!

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