segunda-feira, 24 de março de 2014

O Menino Zé Luís!

Durante os últimos dias, me deparei com várias situações em que poderia ter adotado um novo cãozinho, mas isso não se concretizou por uma razão que agora está muito clara para mim. Este lugar já tinha dono, era só uma questão de tempo para ele chegar.Por duas vezes, fomos à comunidade terapêutica Associação Amigos da Vida e convidei a linda Cacau para vir embora. Ela não quis. Preferiu ficar com seus amigos na chácara, onde está sendo muito bem cuidada, só para registro. 


No meio da semana, quase atropelei um pequeno ao ir trabalhar. Ele estava no meio da pista comendo restos de comida. Dei ração para ele, ele comeu e fugiu quando eu tentei resgatá-lo e levá-lo para a casa. Cheguei a mobilizar uns 15 trabalhadores da obra na rodovia, mas ele se esquivou de todos e foi embora. Fiquei preocupada, com dor no coração porque percebi que ele não sabia se virar na rua. Enquanto eu pegava ração para ele, quase foi atropelado por um caminhão e um ônibus.
Mas aí surgiu no caminho um menino abrigado no estacionamento de um condomínio na Vila Xavier. Ele estava lá sendo alimentado e cuidado por uma moradora, a Cris, que não mediu esforços para ajudar a encontrar um lar para ele. Três pessoas apareceram interessadas nele, mas uma desistiu, a outra não pareceu de confiança e a terceira... bem, esta ficou esperando por ele. (Me desculpe, Dona Marilda!)

Inicialmente, como ele já tinha dono, me dispus a dar banho e cuidar do Menino até ele poder ser levado ao lar definitivo. Com a Mel em tratamento sabe-se deus até quando, não poderíamos dar os cuidados médicos necessários a um novo filho, por isso ele ficaria temporariamente em casa.

O problema é que logo me apaixonei por ele. Quando chegamos na casa da Cris, o Menino veio até mim, eu estava sentada na calçada, e ele pôs as patas nos meus ombros e me lambeu a cara. Foi tanto amor... Ele foi quietinho para a casa no colo do Khal. Lá, se assustou com as cheiradas das filhas e com a água do banho. Mas só por um tempo. Logo estava deitado no chão do banheiro enquanto limpávamos suas orelhas debaixo d’água.

Fiquei pensando se seu dono definitivo faria isso
por ele ou se ele seria mais um cachorro no quintal. Pensei que ele se parecia com um dos cachorros do meu pai, que também foi escolhido por ele no Centro de Zoonoses. Boquita havia sido atropelado, foi salvo na rua todo quebrado e quando viu meu pai correu para um carinho. Ele escolheu o meu pai e ganhou um lar com muito amor.


Também pensei que sábado era dia do segundo aniversário do meu pai – dia do registro de nascimento dele – e que aquilo tudo só podia ser um sinal. Mas nós continuávamos sem condições de levá-lo ao veterinário para dar as vacinas, vermífugos e fazer a castração.

Em pouco tempo, Menino, agora chamado de Zé Luís, já estava correndo pelo quintal, dormindo na caminha da Mel e nos tratando com muito carinho e alegria.  Em um dado momento, Khalfani me diz: “Preciso me concentrar em outra coisa, porque vai ser difícil deixá-lo ir embora. Já estou apaixonado por ele”.

Como se precisássemos de mais um incentivo, a Cris me diz que gostaria que nós ficássemos com o Menino. Quando relatei a ela nossa dificuldade em dar a ele o tratamento merecido,  eis que surge mais um bom coração nessa história. A Beth.

Para ficarmos com o Zé Luís, a Beth o apadrinhará com vacinas, vermífugo, castração e consulta médica!! Um anjo!! Uma felicidade enorme podermos ficar com esse menino tão especial, que já transformou a nossa vida, antes já transformada de tantas formas diferentes pela Mel, Juana e Xuxinha, todas elas abandonadas e adotadas por nís.

Tem gente que vai dizer que isso é tudo culpa da minha codependência, que me faz acreditar que posso salvar o mundo do abandono e que sem mim ninguém pode viver bem, mas eu prefiro acreditar que isso é fruto do nosso amor infinito pelos cães. Herança da minha mãe, do meu pai e dos meus tios Rosely e Cai. Não me lembro de nenhum período sem cachorro em nenhuma das casas. E me lembro de como era o clima de tristeza quando alguma cão se feria ou partia. Na época, ainda criança, não entendia o desespero da minha mãe, mas hoje compreendo isso completamente. E partilho dele.



Mas, por ora, vou viver a felicidade de ter mais um filho canino, que já se mostra um companheiro incondicional. Zé Luís, seja bem-vindo à nossa vida! 

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