Desde muito cedo na minha vida, provavelmente por conta dos cuidados excessivos de meus pais com a minha irmã, que adoeceu quando era recém-nascida e quase morreu, eu cresci muito independente.
Aprendi a resolver meus problemas sozinha. Não me lembro de meus pais terem ido a reuniões na escola, não terminei a pré-escola porque não queria acordar cedo, viajava para Campinas aos 13 anos sem acompanhante, achei a república onde ia morar os primeiros seis meses em Bauru por telefone, sem que ninguém me auxiliasse.
Anos depois, isso me fez remoer sentimentos de abandono, mas no final das contas agradeço por ser assim, tão decidida e determinada.
Nunca parei e disse: não sei o que fazer. Geralmente, eu faço o que precisa ser feito, e os efeitos vêm depois. Porque ser decidida não quer dizer tomar as melhores decisões.
Além disso, apesar de acreditar nesse poder de decisão como uma virtude, essa condição também não me ensinou a pedir ajuda. Também me formou um ser com pouca paciência e aceitação com os limites do outros.
E hoje eu acordei incomodada pelo fato de que não consegui fazer ainda nesses dias de folga tudo aquilo que havia me proposto antes de ele começar. Pensei logo cedo: se estivesse sozinha em casa tudo estaria feito, tudo estaria pronto.
Tenho uma lista de tarefas para os dias de Carnaval e nenhuma delas foi riscada ainda. Está me dando tanta coceira, tanta impaciência que tenho vontade de gritar.... rss Vamos pensar que há um agravante nisso tudo....... os quase três anos sem férias!!
Esse sentimento de que posso resolver tudo sozinha e que não preciso de ninguém provoca lutas intensas dentro de mim. Preciso todos os dias me lembrar de que preciso aceitar os meus limites, entender a necessidade de viver com as outras pessoas, me comunicar com elas e, principalmente, deixar que elas participem da minha vida.
Preciso aceitar essa vida em par, para que eu saia do controle às vezes, que eu consiga deixar que alguém me ajude a tomar decisão ou, simplesmente, tome uma decisão conjunta.
É difícil e doloroso, um exercício diário que eu tenho que fazer quando minhas falas com quem está ao meu redor são apenas ordens. "Vá!!"
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