Há cinco anos, numa noite fria de julho, eu e Mel a encontramos ainda bebê perambulando pelas ruas do Jardim Imperador. Procuramos seus donos pelas ruas do bairro, mas ninguém apareceu atrás daquele toquinho. Ela nos seguiu até em casa, comeu ração, tomou água e não quis mais ir embora. Pois é, e como é que eu iria colocá-la para fora de casa? Impossível!
Depois de uma semana, o primeiro passeio de Juana foi à veterinária. E o que seria apenas uma visita para tomar as vacinas anti-rábica e V10 foi alongada por mais quatro sessões de aplicação de medicamento e cinco outras para exame de sangue. Juana tinha a doença do carrapato. E aquele bichinho que cabia na minha mão foi crescendo na sala de espera da Tia Tânia.
Com a imunidade baixa, Juana foi proibida de sair de casa. Tempos depois, nos mudamos para uma casa que tinha visão para a
rua, e ela se estressava muito com tanto barulho e movimento.
Na primeira tentativa de passear, já com mais de 1 ano, Juana travou as patas no chão e não havia quem a tirasse do lugar. E fomos nos acostumando com a ideia de que Juana não conseguiria sair de casa para passeios como a Mel, tão adora a rua e os outros cachorros do mundo.
As idas anuais à veterinária demandam muito esforço. Ela fica estressada no carro, dentro do consultório não sai do colo, faz xixi, solta milhões de pelos e só deixa de ficar ofegante quando volta para a casa. Aqui dentro, ela se sente segura.
Porém, diante da possibilidade de levá-la para Jaboticabal fazer exames e castração, nos deparamos com a necessidade de acostumá-la a andar na rua. Compramos uma coleira peitoral e uma guia. Mas acho que nunca nos dedicamos o suficiente para tirá-la de casa. Desistíamos sempre diante da menor dificuldade e resistência da pretona.
Mas nessa segunda-feira, como disse lá no começo, acordei tomada pela teimosia e persistência. Levantamos dispostos a ir com a Juana no Pinheirinho para a socialização. Acompanhada de Mel e Xuxinha, o que não é pouca coisa porque essa duplinha é bem agitada.
Tenho certeza que durante toda a ida, Khalfani me amaldiçoou. Juana ofegante com a cabeça fora da janela, Xuxinha pulando de um lado pra outro no banco de traz, Mel tendo chiliquinhos no banco da frente e, de repente, o cheiro de um grande coco nos sufocando dentro do carro com as janelas quase fechadas. Juana ficou tão estressada que se escondeu atrás do banco do passageiro e se aliviou ali mesmo.
Para nossa felicidade, a resistência dela no parque foi bem rápida. Quando eu e as outras filhas corremos para a grama, ela resolveu nos acompanhar. Em 15 minutos, já estava parando
para reconhecer os outros cheiros, correu, latiu, rolou na grama. Minha pretona saiu de casa e se divertiu com as outras cachorras. Minhas pretona perdeu o medo das pessoas, da rua, dos carros, do movimento e do ar livre. Claro que o ambiente ajudou. Não havia tantos elementos estranhos e estressantes para ela, mas foi diferente para ela.
Voltaram as três para a casa com suas grandes línguas de fora, tomaram litros de água e deitaram pelo chão gelado para se recuperar. Alguém me disse que, depois de tanto tempo, eu deveria simplesmente aceitar que ela não sairia de casa. Mas acho que insistência e dedicação nunca são demais!!
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